De um lado as primas Maria Antonieta e Sara, do outro os irmão, Willys, Stone e Mariana
De um lado as primas Maria Antonieta e Sara, do outro os irmão, Willys, Stone e Mariana

Capítulo 09 – As peças do tabuleiro

Cena – Novas Estratégias…

Maria Antonieta sentia que o tempo já não a desgastava — ele agora era seu aliado. Já não era aquela jovem perdida em Paris, envolta em dúvidas e expectativas. Estava mais silenciosa, mais estratégica. Havia aprendido que, antes de fazer a próxima jogada, era preciso observar… e preparar.

Reflexão

Nas noites silenciosas da mansão, revivia as cenas uma a uma. As palavras de Willys sobre Paris, a carta de amor sem destinatário, os gestos carinhosos com Mariana, a confissão da mãe sobre o passado, a sombra de Stone que parecia rondar todos os olhares. E, acima de tudo, o beijo de Débora em um homem que ela acreditava ser Willys.

“Chega de imaginar. Está na hora de ver com meus próprios olhos.”

Estratégia

A ideia surgiu como um sussurro e foi crescendo dentro dela até se tornar inevitável. Um evento seria o palco perfeito. Todos juntos, em um único lugar. Máscaras caem quando há olhos demais observando.

Falou com o pai com toda naturalidade. Sugeriu uma elegante recepção na mansão dos Skills — uma celebração de boas-vindas pós-viagem. Um encontro formal, com ares familiares, mas com espaço para muitas nuances.

O convite foi preparado com cuidado e enviado à Paris, endereçado aos tios e à prima Olivia, junto de uma carta carinhosa e acolhedora. Sara ajudou com entusiasmo discreto, entendendo cada ponto do plano sem precisar ouvir nada além dos olhos da prima.

O reencontro com a família de Débora

A chegada da família de Débora foi envolta em gentilezas e discursos de saudade. Débora, como sempre, deslumbrante e controlada. Mas Antonieta, já tão além da inocência, sabia reconhecer o nervosismo bem disfarçado nos olhos da tia. Ela também pressentia que algo se aproximava.

Durante a tarde, entre sorrisos e elogios, Antonieta observava tudo. Os olhares trocados, os passos dados em silêncio, os silêncios que gritavam mais do que as palavras.

O Evento na Mansão Skills

Chegou o grande dia.

A mansão estava impecável. Flores frescas, cristais cintilando sob a luz dos lustres, música suave ao fundo. Os convidados circulavam em seus trajes elegantes, brindando ao reencontro da família, aos novos projetos e à beleza do fim do verão.

Débora descia as escadas em um vestido cor rubi, confiante como uma rainha. Ao lado dela, Olivia e os tios, simpáticos como sempre. Mas sua atenção estava em outro ponto da sala.

Foi quando ele entrou.

Willys.

Com passos firmes, olhar calmo e expressão indecifrável. Cumprimentou os presentes com a educação habitual, aproximando-se discretamente da anfitriã.

Antonieta, estrategicamente posicionada, observava. E então… viu.

Os olhos de Débora encontraram os dele. E o mundo parou por um segundo.

Os lábios dela se entreabriram com uma surpresa mal disfarçada. O rubor subiu-lhe às bochechas. E sem pensar, como quem é tragado por uma emoção mais forte do que a razão, ela deu um passo à frente… decidida a se aproximar.


A Chegada de Willys… e Mariana

Os passos de Débora hesitaram por um instante. Ela não conseguia tirar os olhos dele. Era como se tivesse visto um fantasma — ou um desejo antigo materializado em plena luz do dia.

Mas antes que qualquer aproximação ousada pudesse acontecer, uma figura surgiu logo atrás de Willys.

Mariana.

Radiante, elegante, com um sorriso afável e uma presença encantadora. Sem pressa, ela pousou a mão suavemente no braço dele — um gesto tão natural, tão íntimo, que cortou a atmosfera como um raio.

Willys, por sua vez, não se incomodou. Apenas olhou para ela com um pequeno sorriso sereno. E então, como se fosse a coisa mais comum do mundo, os dois avançaram juntos para cumprimentar os anfitriões.

— Senhor Skills — disse Willys, com a educação de sempre. — Muito obrigado pelo convite.

— A honra é nossa — respondeu o anfitrião, apertando-lhe a mão com um olhar acolhedor.

Mariana, com sua voz doce, cumprimentou em seguida:

— Que prazer conhecer todos vocês! Agradeço imensamente por nos receberem.

Débora, ainda tentando se recompor, forçou um sorriso ao cumprimentá-los. Seu olhar dançava entre os olhos de Willys e a mão de Mariana, ainda repousando em seu braço. Ela não conseguia disfarçar o incômodo que começava a crescer em seu peito.

Antonieta, do outro lado da sala, observava tudo. Nada lhe escapava: o susto de Débora, o gesto carinhoso de Mariana, a calma de Willys. Uma sinfonia silenciosa de emoções ocultas.

E em seu íntimo, uma certeza começava a se formar:
A noite estava apenas começando.


A Noite Segue… Os Olhares Também

O salão da mansão Skills estava em festa, com luzes douradas refletindo nos cristais e o som suave de um quarteto de cordas preenchendo o ar com charme. Mas havia uma sinfonia paralela — de olhares, silêncios e gestos sutilmente calculados.

Antonieta, ao lado de Sara, mantinha os olhos atentos em cada passo de Débora e Willys. Mariana parecia estar por todos os cantos com ele, o acompanhando de forma natural, como se fossem mesmo um casal perfeitamente entrosado. Riam juntos, trocavam sussurros, e cada beijo carinhoso no rosto dela era um espinho cravado na incerteza de Antonieta.

Sara, percebendo o desconforto da prima, tentou suavizar:

— Talvez eles sejam só amigos íntimos… ou irmãos. Não sabemos ainda — sussurrou em seu ouvido, tentando manter a compostura.

Antonieta apertou a taça de cristal com mais força.

— Eu preciso ver algo. Preciso ver como Débora vai reagir.

Como se o universo estivesse conspirando, minutos depois, Débora aproximou-se do grupo onde Willys e Mariana estavam conversando. Havia uma segurança exagerada em sua postura, como se tentasse provar algo para si mesma.

Ela sorriu largamente, os olhos fixos em Willys.

— Que surpresa boa… — disse, em um tom levemente insinuante. — Acha que não me reconheceria, Stone?

Willys arregalou os olhos, confuso, mas manteve o tom educado.

— Me desculpe… senhora…?

Débora travou por um segundo. Foi apenas um segundo. Mas para Antonieta, que observava de longe, foi o suficiente. Um frio percorreu sua espinha.

Ele não a reconheceu.
Ou fingiu não reconhecer.

— Débora — completou ela, com um sorriso quase trincado. — Você é… tão parecido com alguém que conheci.

— Muitas pessoas dizem isso — respondeu ele, com simplicidade.

Mariana, ainda ao lado dele, percebeu a tensão. Pousou novamente a mão no braço de Willys, dessa vez com mais firmeza. Débora desviou o olhar por um instante. Mas foi tempo suficiente para Antonieta sentir que havia ali algo ainda maior que ela precisava descobrir.

Nos Jardins da Mansão – Conversa entre Sara e Antonieta

As luzes da festa continuavam brilhando ao fundo, mas no jardim da mansão, onde a brisa soprava com suavidade entre as roseiras e os bancos de pedra, as primas finalmente estavam a sós. Sara sentou-se ao lado de Antonieta, que ainda segurava a taça intocada de espumante nas mãos, mas o que transbordava nela não era champanhe — eram pensamentos.

— Então… — Sara quebrou o silêncio com um meio sorriso. — Foi só impressão minha ou a senhora Débora ficou sem chão?

Antonieta respirou fundo, os olhos fixos no céu noturno.

— Ela realmente achou que ele fosse o tal Stone… e o chamou assim. Com tanta segurança, como se esperasse que ele reagisse com um beijo, com um sorriso, sei lá. Mas… nada.

— E o mais curioso… — completou Sara, cruzando os braços — foi que ele não correspondeu. Nem fingiu. Ele simplesmente… não sabia quem ela era.

Antonieta virou-se para a prima, a testa levemente franzida:

— Isso pode significar duas coisas, Sara. Ou ele não é o homem que ela pensava… ou ele está escondendo algo com maestria.

— E Mariana? Aquela cena… ela colocando a mão no braço dele, como quem marca território. — Sara bufou, cruzando as pernas. — Mas o que é ela, afinal? Namorada? Amiga íntima? Irmã? Você viu os beijinhos na testa e na bochecha? Aquilo não parece coisa de irmãos…

Antonieta fechou os olhos por um momento.

— E se forem irmãos, Sara? E se tudo isso for uma grande confusão? E se… se a história da traição dele no passado… tiver relação com Débora?

Sara arregalou os olhos.

— Você acha que Mariana pode ser a ex-noiva?

— Ou alguém ligada a ela. E se ele a perdoou? Se voltou para perto por alguma razão? Só sei que nada bate… — Antonieta apoiou os cotovelos nos joelhos e murmurou. — E tem aquela carta…

— A carta que você encontrou? Aquela que não tem nome?

Antonieta assentiu, sem olhar nos olhos da prima.

— Sim… é como se ele quisesse amar alguém, mas estivesse preso ao passado. E se… for tudo culpa de um amor que ele não conseguiu esquecer?

Sara segurou sua mão com carinho.

— Seja como for, Nieta… o jogo virou. E agora, a próxima jogada… é sua.

O vento noturno soprava suave pelo jardim iluminado por pequenas lâmpadas espalhadas entre as árvores. Maria Antonieta e Sara caminhavam de volta para o salão, ainda trocando olhares cúmplices e sorrisos contidos diante da expectativa do que estava por vir.

— A próxima jogada é sua, Maria Antonieta… — sussurrou Sara com um ar conspirador.
Antonieta apenas assentiu com um leve sorriso no canto dos lábios.

Mas então, como se o destino respondesse com pressa, ambas viram, ao longe, entre os arbustos bem cuidados, Willys e Mariana conversando sob a luz suave de um poste de ferro fundido. A cena chamou a atenção das duas imediatamente.

— É agora… — murmurou Sara, puxando Antonieta delicadamente para trás de uma moita de flores altas.

Escondidas pelas sombras e com o coração acelerado, observaram a troca de palavras entre os dois. Mariana parecia agitada, mas mantinha uma expressão doce enquanto falava algo que ambas não conseguiam ouvir. Até que, com um sorriso discreto, ela se despediu:

— Vou voltar para o salão, não demore muito…

Ela deu-lhe um beijo afetuoso na bochecha e se afastou, deixando Willys ali, sozinho, pensativo.

Foi então que outra figura surgiu silenciosamente entre as sombras: Débora.

Ela se aproximou com passos felinos, como se tivesse certeza absoluta do que estava prestes a fazer. Sem dizer uma única palavra, agarrou-o pelos ombros e o beijou com intensidade, como se estivesse tomando de volta algo que sempre lhe pertenceu.

— Você não cansa de fingir, Stone? — sussurrou entre dentes, cravando o olhar no dele. — Até quando vai continuar com essa encenação ridícula?

Willys, pego de surpresa, segurou-a pelos braços e afastou-a gentilmente, mas com firmeza. Seus olhos estavam arregalados e sua expressão era de completo espanto — e, para Maria Antonieta, aquilo dizia mais que mil palavras.

— Senhora… me desculpe… acho que houve um engano.

Débora, por um breve instante, ficou paralisada. Aquilo não era o que ela esperava. Seus olhos vacilaram, e antes que dissesse mais alguma coisa, olhou ao redor, como se só então percebesse que estavam expostos demais.

Virou-se rapidamente e se afastou com a mesma velocidade com que chegou, ajustando o vestido com um toque nervoso.

Atrás dos arbustos, Sara e Antonieta permaneciam mudas. O choque do que viram estava estampado nos olhos das duas, mas só uma delas sabia exatamente o que aquilo poderia significar.

— Ele… ele parecia mesmo não saber de nada… — sussurrou Antonieta, sem tirar os olhos de Willys, que agora passava a mão nos cabelos e respirava fundo, como quem tentava processar o absurdo da situação.

— A jogada virou, prima… — disse Sara, com um meio sorriso intrigado. — E agora é ele quem parece estar no meio do tabuleiro…

Cena Extra – O outro lado do tabuleiro

As repercussões entre Débora e outros membros da família

Débora, por sua vez, passava por um terremoto emocional silencioso. Após a noite da festa, recolheu-se com a desculpa de estar com enxaqueca. Mas a verdade é que se trancou no quarto por horas, em conflito.

— Ele me olhou como se nunca tivesse me visto — murmurava para si. — E ainda assim… é o mesmo rosto. É ele… ou é alguém fingindo ser ele?

No dia seguinte, foi chamada para conversar com o Senhor Skills, que discretamente havia percebido algo estranho entre ela e o chofer.

— Débora, minha cara… você está bem?
— Claro, por que não estaria?
— Digamos apenas que… às vezes fantasmas do passado aparecem com novos nomes — ele disse com um sorriso enigmático. — E é preciso estar certa do que se vê antes de agir.

Débora engoliu em seco. Ela estava certa… ou completamente enganada?


Minutos depois, ainda sob o impacto do que presenciaram, Maria Antonieta e Sara retornaram discretamente ao salão, misturando-se aos convidados com olhares atentos e corações acelerados. A música suave preenchia o ambiente, mas para Antonieta, cada nota parecia distante. Seu pensamento ainda estava fixo na expressão de Willys, no modo como ele afastou Débora… na confusão não apenas do momento, mas de tudo que vinha se acumulando.

Ela avistou Mariana do outro lado do salão, conversando tranquilamente com algumas senhoras da família Skills. Parecia alheia a tudo — ou talvez estivesse muito bem treinada para disfarçar.

— Ele não parecia saber de nada, Sara — disse Antonieta, num sussurro quase trêmulo. — A reação dele… foi genuína. Ele não reconheceu Débora, pelo menos não como alguém próximo.
— Eu vi — respondeu Sara. — Se era encenação, foi das boas. Mas pra mim, aquilo foi surpresa de verdade.

As duas seguiram até um canto mais reservado, perto de uma das janelas que davam para o jardim.

— E agora, o que você pensa fazer? — perguntou Sara, cruzando os braços.
— Observar… — respondeu Antonieta, sem hesitar. — Eu preciso entender quem ele é. Porque se Débora achava que era Stone e ele se mostrou assustado, isso significa que ou ela está louca… ou ele está mentindo.
— Ou… — Sara completou — ele tem um segredo maior do que a gente imagina.

Nesse momento, como se atraído pela intensidade do olhar de Antonieta, Willys entrou no salão. Estava impecável, com uma expressão séria, mas ainda levemente perturbada. Os olhos dele varreram o ambiente… e a encontraram.

Maria Antonieta sustentou o olhar.

E então ele veio em sua direção.

— Com licença… posso falar com você, senhorita Antonieta? — perguntou, educado, mas com a voz carregada de algo que ela não conseguiu decifrar.

Ela assentiu e o seguiu até uma varanda lateral, onde a brisa da noite era mais fresca e o som da festa ficava distante.

— Houve algo… estranho, agora há pouco — disse ele, direto. — Uma senhora me confundiu com outra pessoa, me abordou de maneira muito… íntima.
— Eu vi. — disse Antonieta com firmeza, cruzando os braços.
— A senhora… Débora, certo? — perguntou ele, confuso. — Ela me chamou de outro nome. Stone, se não me engano.

Ela o olhou nos olhos, tentando encontrar rachaduras em sua fachada. Mas tudo que viu foi sinceridade e um desconcerto real.

— Isso já aconteceu antes? Alguém mais te confundiu com esse nome? — perguntou ela, cuidadosamente.
— Não. Nunca — respondeu ele, firme. — Eu… não sei o que está acontecendo. Mas achei que deveria dizer a você.

Ela deu um passo à frente, aproximando-se o suficiente para vê-lo de perto.

— Obrigada por ser sincero… Willys. — disse seu nome com leve ênfase. — Mas entenda que algumas confusões… custam caro demais para serem ignoradas.

Sem esperar resposta, ela voltou para o salão, deixando-o ali, sozinho, mais uma vez envolto nas sombras e no mistério que agora parecia também persegui-lo.


Caminho 1: As ações de Antonieta nos dias seguintes

Nos dias que seguiram ao evento, Maria Antonieta assumiu uma postura cautelosa e estrategista. Passava horas em sua estufa, cultivando suas flores, mas também regando seus pensamentos com lembranças e suspeitas. Cada gesto de Willys, cada olhar trocado com Mariana, e cada sorriso que escapava de Débora, agora pareciam peças de um quebra-cabeça que ela se recusava a montar com pressa.

Ela passou a anotar tudo: horários, lugares, frases soltas. Sara a ajudava, investigando discretamente, recolhendo pequenos fragmentos da rotina de todos os envolvidos.

Uma noite, Willys apareceu na estufa, com um pequeno buquê colhido do jardim.

— Para você… — disse ele, com suavidade.
Ela agradeceu, com um sorriso controlado, e então soltou:
— Estive pensando sobre aquela senhora… você soube mais alguma coisa dela?
Ele balançou a cabeça.
— Não. Só me disseram que ela está passando por um momento de confusão emocional.
— Confusão… interessante — murmurou Antonieta. — Às vezes é no meio da confusão que as verdades escorregam.

Ele a olhou curioso, mas ela desviou o assunto. Ainda não era hora de mostrar suas cartas.


VEJA O DÉCIMO CAPÍTULO DO ROMANCE…