Capítulo 02 – A Viagem…

Subitamente, o Sr. Skills anuncia sua decisão: faria uma viagem e, como gesto inesperado, concederia a Willys um período de férias. A notícia pegou a todos de surpresa, mas ninguém ficou mais impactada do que Maria Antonieta.

Ela não esperava que Willys se afastasse novamente, não agora, não depois de tudo. Seu coração se apertou com a ideia de não vê-lo todos os dias, de não sentir sua presença discreta sempre por perto. Tentava não demonstrar, mas a inquietação crescia dentro dela.

Já Willys, ao receber a notícia, sentiu um misto de alívio e angústia. Talvez a distância fosse o que precisava para colocar seus sentimentos no lugar, para sufocar aquele amor impossível antes que se tornasse sua ruína. Mas ao mesmo tempo, algo dentro dele resistia—como se partir significasse deixar para trás algo que nunca mais poderia recuperar.

Os dias que antecederiam sua partida prometiam ser intensos. E, no fundo, Maria Antonieta sabia que não deixaria Willys ir embora sem antes ter as respostas que tanto procurava.

Maria Antonieta sentiu-se encurralada. O anúncio de seu pai foi como um golpe inesperado, tirando-lhe qualquer chance de impedir a partida de Willys. O Sr. Skills não era homem de voltar atrás em suas decisões, e confrontá-lo seria inútil—pior ainda, poderia levantar suspeitas.

Maria Antonieta e o Sr. Skills
Maria Antonieta e o Sr. Skills

Ela não podia correr esse risco. Se seu pai percebesse que sua objeção estava ligada ao chofer, tudo poderia desmoronar. Ele jamais aceitaria que sua filha demonstrasse qualquer tipo de interesse por um simples empregado.

Assim, Maria Antonieta se viu forçada a silenciar sua frustração e agir com naturalidade. Mas, por dentro, sua mente trabalhava incansavelmente. Se não podia impedir a partida de Willys, então teria que agir rápido. Antes que ele fosse embora, antes que a distância criasse um abismo entre eles, ela precisava descobrir a verdade.

E, mais do que isso, precisava entender o que realmente sentia.

O coração de Maria Antonieta disparava enquanto ela cruzava os corredores da mansão, determinada a encontrar Willys. Pela primeira vez, ela estava disposta a abandonar todo orgulho e confessar o que há tempos tentava negar. Não era apenas curiosidade, não era apenas teimosia—era algo mais profundo, algo que apertava seu peito e lhe dizia que, se não falasse agora, poderia nunca mais ter essa chance.

Mas quando finalmente o procurou, ansiosa para que ele a levasse ao vilarejo, foi surpreendida com a pior das notícias.

— O Sr. Willys já se foi, senhorita. Partiu logo ao amanhecer.

As palavras ecoaram como um golpe seco. Ele já se foi…

Maria Antonieta sentiu as pernas fraquejarem. A possibilidade que sempre temera agora era real. Ele se foi sem despedidas, sem dar a ela a chance de dizer tudo o que ardia em seu coração. E, no fundo, um temor ainda maior crescia dentro dela: e se Willys nunca mais voltasse?

Com o coração apertado, Maria Antonieta não conseguiu conter a pergunta:

— Pai, para onde Willys foi?

O Sr. Skills, sempre pragmático, respondeu sem dar muita importância ao tom ansioso da filha:

— Ele mora em uma pequena vila a uma hora daqui. Mas não sei muito sobre sua família ou sobre sua vida pessoal. Ele sempre foi reservado.

A resposta, embora vaga, acendeu uma chama dentro dela. Agora ela sabia para onde ir. Não importava que Willys tivesse partido sem despedidas, não importava que seu pai não soubesse muitos detalhes. Maria Antonieta não ficaria de braços cruzados.

Se Willys não voltaria por conta própria, então ela mesma iria atrás dele.

Maria Antonieta sentiu a urgência pulsar dentro de si. Ela tinha apenas três dias antes da viagem da família Skills. Três dias antes de ser levada para longe, talvez para sempre, sem a chance de ver Willys novamente.

Não havia tempo a perder. Se queria encontrá-lo, precisava agir rápido. Mas como poderia sair sem levantar suspeitas? Seu pai jamais permitiria que ela fosse atrás de um simples chofer.

Enquanto essas questões giravam em sua mente, uma certeza crescia dentro dela: ela precisava vê-lo. Precisava dizer o que sentia antes que fosse tarde demais.

Maria Antonieta pegou o telefone com mãos trêmulas e discou rapidamente o número de sua melhor amiga, Sara. Se havia alguém em quem podia confiar, era ela.

— Sara, preciso te ver agora. — Sua voz soava urgente.

Do outro lado da linha, a amiga percebeu a tensão na voz de Maria Antonieta.

— O que aconteceu? Você está bem?

— Sim… não… eu não sei! Mas preciso contar um segredo, algo muito sério. Você pode vir até aqui agora?

Houve uma breve pausa antes da resposta.

— Claro! Estou a caminho.

Maria Antonieta respirou fundo ao desligar. Ela sabia que não poderia enfrentar aquilo sozinha. Se alguém poderia ajudá-la a encontrar Willys antes que fosse tarde demais, essa pessoa era Sara.

Quando Sara chegou à imponente mansão da família Skills, foi imediatamente recepcionada pelo sempre cortês e cavalheiro Sr. Skills.

— Senhorita Sara, que prazer em vê-la. — Ele disse com um sorriso educado, abrindo espaço para que ela entrasse.

— O prazer é meu, Sr. Skills. Maria Antonieta me chamou com urgência. Está tudo bem? — Ela perguntou, tentando não demonstrar sua curiosidade.

O Sr. Skills assentiu calmamente.

— Sim, creio que sim. Mas minha filha poderá lhe dizer melhor. Ela está no jardim. — Ele fez um gesto indicando o caminho.

Sara agradeceu e seguiu na direção apontada, sentindo que havia algo diferente no ar. Maria Antonieta nunca foi do tipo de fazer convites repentinos sem motivo. O que quer que fosse, parecia importante.

E quando finalmente encontrou a amiga no jardim, percebeu em seu rosto um misto de ansiedade e determinação. Algo grande estava prestes a ser revelado.

Sara observou Maria Antonieta com curiosidade enquanto se sentava ao seu lado no banco de pedra do jardim. A amiga estava inquieta, brincando distraidamente com a barra de seu vestido, como se estivesse reunindo coragem para falar.

— Você me chamou aqui com tanta urgência… o que está acontecendo, Maria? — perguntou Sara, tentando quebrar o silêncio.

Maria Antonieta suspirou, desviando o olhar.

— É complicado, Sara… Não sei nem por onde começar.

— Ora, desde quando você tem dificuldades para falar o que pensa? — Sara sorriu de leve, tentando aliviar a tensão.

Maria Antonieta hesitou. Ela confiava em Sara mais do que em qualquer pessoa, mas ainda assim, expor aquele segredo era assustador. Seria loucura o que estava prestes a confessar?

— Promete que não vai me julgar? — Ela finalmente perguntou, com um olhar suplicante.

Sara arqueou uma sobrancelha, surpresa com a seriedade da amiga.

— Você está me assustando… Mas, claro, prometo.

Maria Antonieta respirou fundo. Era agora ou nunca.

Quando Maria Antonieta finalmente ia revelar seu segredo, a voz doce e animada de Dona Olga interrompeu a conversa.

— Ora, ora! Mas que surpresa agradável! — exclamou a mãe de Maria Antonieta, surgindo no jardim com um sorriso radiante. — Sara, querida, que bom vê-la!

Maria Antonieta congelou por um instante, reprimindo um suspiro. Justo agora!

Sara, sempre educada, levantou-se para cumprimentar Dona Olga com um abraço afetuoso.

— Dona Olga, que alegria revê-la! Faz tempo que não nos vemos.

— Pois é! Você anda tão ocupada, minha querida. Devemos marcar um chá para colocar os assuntos em dia! — disse a senhora, animada.

Enquanto as duas trocavam palavras gentis, Maria Antonieta olhava para Sara com uma expressão de frustração. Ela precisava falar, precisava contar tudo antes que fosse tarde demais.

Mas agora, com a presença da mãe, teria que esperar. E cada minuto perdido a deixava ainda mais ansiosa.

A frustração de Maria Antonieta só aumentava à medida que Dona Olga se entusiasmava cada vez mais com a conversa. Sua mãe sempre fora incrivelmente comunicativa e, acima de tudo, uma verdadeira tagarela.

— Ah, Sara, você não imagina como estou animada para esta viagem! — Dona Olga continuava, sem dar sinais de que ia embora tão cedo. — Faz tanto tempo que não saímos juntos em família! Paris será simplesmente magnífica nesta época do ano!

Maria Antonieta e Dona Olga na mansão dos Skills
Maria Antonieta e Dona Olga na mansão dos Skills

Maria Antonieta revirou os olhos discretamente, tentando esconder sua impaciência. Ela lançou um olhar para Sara, que entendia perfeitamente a situação e segurava um sorriso contido.

— E então, minha querida? — Dona Olga prosseguiu, virando-se para a filha. — Você já escolheu quais vestidos levará? Quero que esteja deslumbrante! Quem sabe não encontramos um pretendente interessante para você nesta viagem?

Maria Antonieta sentiu o rosto corar, mas não de timidez—e sim de irritação. Como poderia pensar em vestidos e pretendentes quando tudo o que queria era contar a Sara sobre Willys e traçar um plano antes que fosse tarde demais?

Sara percebeu o desespero da amiga e, tentando ajudá-la, interveio:

— Dona Olga, que ideia maravilhosa! Mas talvez Maria Antonieta precise de um tempinho para decidir isso com calma. Quem sabe possamos conversar sobre isso mais tarde?

Dona Olga sorriu, satisfeita.

— Mas é claro, minha querida! Vou deixá-las à vontade. Mas não se demorem, Maria, quero discutir os últimos detalhes da viagem com você ainda hoje!

Assim que a mãe se afastou, Maria Antonieta soltou um longo suspiro de alívio, voltando-se para Sara com olhos aflitos.

— Eu preciso da sua ajuda… e é algo muito sério.

Maria Antonieta respirou fundo, juntando toda a coragem que tinha. Seu coração batia acelerado, mas ela sabia que não podia mais adiar. Olhou fixamente para Sara, que aguardava com atenção, e finalmente disse, quase num sussurro:

— Eu estou apaixonada pelo Willys…

As palavras pairaram no ar por um instante, e Maria sentiu um peso enorme sair de seus ombros. Era a primeira vez que admitia isso em voz alta.

Sara arregalou os olhos, surpresa.

— O chofer? — perguntou, sem conseguir esconder o espanto.

Maria Antonieta assentiu, mordendo os lábios com nervosismo.

— Sim… e ele foi embora sem nem se despedir. Meu coração está me dizendo que, se eu não fizer algo agora, posso perdê-lo para sempre.

Sara observou a amiga por um instante, absorvendo a confissão. Então, um pequeno sorriso surgiu em seus lábios.

— Eu sabia que havia algo diferente em você… Mas não imaginei que fosse isso! — Ela segurou a mão de Maria Antonieta. — Você está realmente disposta a ir atrás dele?

— Sim! — respondeu Maria Antonieta sem hesitar. — Mas não sei como. Meu pai não pode saber, e temos só três dias antes da viagem…

Sara sorriu de lado, já sentindo a adrenalina de uma aventura inesperada.

— Então vamos pensar em um plano. Afinal, o amor verdadeiro merece uma chance, não é?

Sara, com sua mente ágil e cheia de recursos, elaborou um plano perfeito para que Maria Antonieta pudesse viajar ao pequeno vilarejo sem levantar suspeitas. Disfarçadas como duas jovens aventureiras em busca de novas paisagens, partiram antes do amanhecer, quando a mansão ainda dormia.

O coração de Maria Antonieta batia acelerado à medida que a carruagem avançava pelas estradas de terra. Cada quilômetro a aproximava de Willys, e a esperança brilhava em seus olhos.

Porém, ao chegarem ao vilarejo e perguntarem por ele, receberam a pior das respostas.

— Willys? — disse um senhor idoso, franzindo a testa. — Ah, ele esteve por aqui sim, mas partiu faz poucos dias.

Maria Antonieta sentiu o chão desaparecer sob seus pés.

— Ele… ele se foi? Para onde?

O homem deu de ombros.

— Não sei dizer ao certo, moça. Só sei que mencionou que precisava seguir viagem.

A decepção tomou conta dela. Todo o esforço, toda a ansiedade… para nada. Willys estava um passo à sua frente, como se o destino quisesse afastá-los.

Sara segurou seu braço com firmeza.

— Não vamos desistir, Maria. Se ele saiu daqui há poucos dias, ainda podemos encontrá-lo. Precisamos descobrir para onde ele foi.

Maria Antonieta fechou os olhos, respirando fundo. Sim, ela tinha vindo longe demais para desistir agora.

Maria Antonieta sentou-se em um banco de madeira na pequena praça do vilarejo, sentindo-se derrotada. O vento soprava suave, balançando os cabelos dourados que escorriam sobre seus ombros, mas nem a brisa fresca conseguia aliviar a inquietação em seu peito.

— Como isso é possível? — murmurou, mais para si mesma do que para Sara. — Descobrimos onde ele morava, viemos até aqui… e, no entanto, é como se ele nunca tivesse existido.

Sara cruzou os braços, pensativa.

— É estranho mesmo. Ninguém sabe muito sobre ele, como se fosse apenas um viajante de passagem… Mas e agora? O que vamos fazer?

Maria Antonieta abaixou o olhar, mordendo os lábios com preocupação. Ela nunca se sentira tão impotente. Willys tinha desaparecido como um sopro de vento, sem deixar rastros.

Uma única pergunta ecoava em sua mente: Onde ele poderia estar?

E mais do que isso… Será que queria ser encontrado?

Sem alternativas e com o peso da decepção sobre os ombros, Maria Antonieta e Sara iniciaram o caminho de volta para a imponente mansão dos Skills. O silêncio dentro da carruagem era quase absoluto, quebrado apenas pelo som das rodas deslizando sobre a estrada de terra.

Maria Antonieta fitava a paisagem pela janela, mas sua mente estava longe dali. Seu coração ainda pulsava com a esperança de encontrar Willys, mas agora, essa esperança parecia mais distante do que nunca.

— Eu realmente achei que conseguiríamos encontrá-lo… — murmurou ela, sem tirar os olhos da estrada.

Sara suspirou ao seu lado.

— Pelo menos agora sabemos que ele realmente esteve naquele vilarejo. Mas a questão é… por que ele desapareceu sem deixar rastros? Será que algo aconteceu?

Essa pergunta fez Maria Antonieta estremecer. E se Willys estivesse fugindo de algo? Ou… de alguém?

Ao longe, os portões da grandiosa propriedade começaram a surgir no horizonte. Voltavam sem respostas, mas dentro do coração de Maria Antonieta, uma certeza crescia: ela não desistiria de Willys. De uma forma ou de outra, ela o encontraria.

Ao retornarem à mansão, Maria Antonieta e Sara sentiram um alívio momentâneo ao perceberem que ninguém havia notado suas ausências. A brevidade da viagem e o cuidado em agir discretamente haviam funcionado perfeitamente.

Porém, a tranquilidade logo foi quebrada por uma nova revelação: a viagem da família Skills seria muito mais longa do que imaginavam. Pelo menos para elas duas.

— Meses? — Maria Antonieta repetiu, atônita, ao ouvir os planos de sua mãe.

Dona Olga, animada, nem percebeu o desânimo da filha.

— Sim, querida! Eu e sua tia concordamos que será maravilhoso para vocês duas ficarem esse tempo na Europa. Um verdadeiro aprendizado cultural!

Sara e Maria Antonieta trocaram olhares discretos. Ambas sabiam o que aquilo significava: um afastamento forçado, um intervalo incerto em sua busca por Willys.

Maria Antonieta sentiu um aperto no peito. Ela mal teve tempo de absorver o fracasso de sua tentativa de encontrar Willys e agora estava prestes a ser levada para longe, talvez para sempre.

Mas uma coisa era certa: ela não o esqueceria. E se o destino quisesse brincar com seu coração, ela também aprenderia a jogar.

Para o Sr. Skills, a viagem era a oportunidade perfeita para Maria Antonieta e Sara se distraírem, aprenderem mais sobre o mundo e, quem sabe, até encontrarem bons pretendentes na alta sociedade europeia.

— Paris será um verdadeiro deleite para vocês, minhas queridas! — dizia ele, entusiasmado, enquanto observava as duas jovens.

O que elas não esperavam era a presença de uma terceira integrante na jornada: Olívia, sobrinha do Sr. Skills, que já as aguardava na capital francesa.

— Olívia ficará radiante em recebê-las! — continuou ele. — Vocês se darão muito bem, tenho certeza.

Maria Antonieta e Sara trocaram olhares novamente. Olívia era, sem dúvida, encantadora e espirituosa, mas também carregava um espírito de aventura e uma mente afiada para mistérios.

Talvez… só talvez… essa viagem não fosse uma perda de tempo. E quem sabe Olívia pudesse ajudá-las a desvendar o paradeiro de Willys?

Os dias passaram num piscar de olhos, e logo os preparativos estavam concluídos. Malas fechadas, passagens em mãos, a família Skills seguiu rumo ao aeroporto, onde embarcariam para uma nova jornada.

Maria Antonieta, apesar de tentar demonstrar animação, sentia seu coração dividido. Parte dela ansiava por Paris, pela experiência de viver na cidade mais encantadora do mundo, mas outra parte não conseguia esquecer Willys. Onde ele estaria agora?

A viagem transcorreu rapidamente e, ao pousarem no movimentado Aeroporto de Paris, foram recepcionados calorosamente pela família Sgarden.

No meio das recepções e cumprimentos, uma voz animada se destacou:

— Finalmente vocês chegaram!

Era Olívia. Com seu sorriso radiante e sua postura elegante, ela avançou até as primas, abraçando-as com entusiasmo.

— Temos tanto o que fazer! Paris nos espera!

Maria Antonieta tentou sorrir, mas sua mente ainda estava longe, presa ao mistério que havia deixado para trás.

No entanto, ela não imaginava que o destino já começava a mover suas peças… e Paris lhe reservaria surpresas que jamais poderia prever.

Ao chegarem à imponente residência dos Sgarden, Maria Antonieta e Sara foram recebidas com a habitual cordialidade da família. O Sr. Bernard Sgarden, pai de Olívia, manteve sua postura séria e reservada, observando as recém-chegadas com um olhar analítico, mas sem exageros emocionais.

— Sejam bem-vindas — disse ele, com um aceno discreto de cabeça.

Por outro lado, Dona Débora, sua esposa, era o completo oposto. Com um sorriso caloroso e olhos brilhantes de entusiasmo, ela abraçou as duas jovens com carinho.

— Que alegria tê-las aqui! Paris tem tanto a oferecer! Quero mostrar cada cantinho especial para vocês!

Olívia, rindo da diferença entre os pais, sussurrou para as primas:

— Minha mãe é uma alma livre, já meu pai… bom, digamos que ele não é muito fã de novidades.

Maria Antonieta sorriu, mas seu coração ainda estava inquieto. Mesmo estando na cidade mais encantadora do mundo, uma pergunta continuava ecoando em sua mente: onde estaria Willys?

Para marcar a chegada dos Skills a Paris, os Sgarden decidiram organizar um glamouroso jantar de boas-vindas. Seria uma noite memorável, onde a alta sociedade parisiense teria a oportunidade de conhecer melhor Maria Antonieta e Sara.

A mansão Sgarden, imponente e luxuosa, logo se encheu com os preparativos: os salões eram decorados com flores delicadas, os melhores chefs foram contratados, e as taças de cristal já aguardavam os brindes que viriam.

— Esta será uma noite inesquecível! — exclamou Dona Débora, radiante, supervisionando cada detalhe.

Maria Antonieta, por outro lado, não conseguia compartilhar do mesmo entusiasmo. Seu coração ainda estava distante, preso em um mistério que parecia longe de se resolver.

— Está tudo bem? — perguntou Olívia, notando a inquietação da prima.

Maria sorriu de leve, tentando disfarçar.

— Sim… só estou um pouco cansada da viagem.

No fundo, ela sabia que aquela noite poderia ser um divisor de águas. Talvez Paris lhe trouxesse respostas que jamais imaginou encontrar.

A noite do jantar de boas-vindas foi muito mais grandiosa do que Maria Antonieta e Sara haviam imaginado. O salão principal da mansão Sgarden estava repleto de convidados ilustres, vestidos com trajes elegantes, em meio a uma sinfonia de risos, conversas refinadas e música envolvente.

As jovens debutantes eram o centro das atenções, cercadas por jovens cavalheiros bem-apessoados e cheios de galanteios, cada um tentando conquistar um olhar ou um sorriso delas. Maria Antonieta e Sara logo se viram envolvidas em conversas animadas, enquanto Olívia, sempre espirituosa, levava tudo com um charme descontraído.

— Parece que somos as estrelas da noite — sussurrou Sara para Antonieta, rindo.

— Sim, mas algumas estrelas brilham mais do que gostariam… — respondeu Maria, desconfortável com tantos olhares sobre ela.

Enquanto isso, algo inusitado acontecia em outro canto do salão. Dona Débora, a mãe de Olívia, era discretamente cortejada por alguns senhores elegantes, que lhe dirigiam olhares apreciativos e comentários sutis, elogiando sua beleza atemporal.

Olívia, ao perceber a cena, segurou o riso e sussurrou para as primas:

— Parece que minha mãe também está fazendo sucesso esta noite!

As três jovens se entreolharam, tentando conter as risadas. Mas, no fundo, para Maria Antonieta, aquela noite ainda parecia vazia. Nenhum daqueles rostos ou palavras conseguiam apagar a lembrança de Willys, o único que realmente importava para ela.


VEJA O TERCEIRO CAPÍTULO DO ROMANCE…